sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sobre ser meu pai III

           Então...Finalmente papai está de volta em casa, ao aconchego do lar. Após longos e intermináveis 72 dias, aqui está ele. De volta as suas coisas, suas referências, sua cama, seu quarto, sua casa. Perto dos seus, de nós. É difícil imaginar ou tampouco transcrever como ele se sente agora. Ainda sob efeito colaterais dos antibióticos. Pele mudada, psicológico abalado, dúvidas e incertezas, paz e caos, tudo dentro de uma mente só. Sensação de liberdade e ao mesmo tempo aprisionado pelo medo de voltar pra rotina hospitalar. Deus queira que não.  Temperamento difícil, atitudes rebeldes, mas isso eu já sabia! É preciso exercitar a paciência, um pouco de psicologia,, um punhado bem grande de se colocar no lugar do outro e uma pitada de tolerância. Vigiar banho, cuidar do curativo, tive uma amostra de aula com minha amiga que é enfermeira, porém, preciso de um intensivo, principalmente para ter mais sangue frio e trocar um curativo sem me chocar com o tamanho da ferida que ainda não cicatrizou completamente. Mas calçar meias em seus pés, hidratar a pele, ajudar a vestir e dar de comer a quem cuidou de mim a vida toda, é um prazer. Por mais que pareça enfadonho ou difícil. Olho em volta e tenho conhecido tantas histórias, tantos casos parecido ou tão mais difíceis que o nosso. Só posso agradecer a Deus por cada vitória, por um passo a mais que meu pai dê. Por se levantar da cama sem ajuda. Por poder tomar um banho de corpo inteiro, pelo prazer de mastigar, mas tudo isso vem junto também tudo que relatei lá no começo da minha narrativa. 
         Tenho que trabalhar sua mente, seu psicológico, de dentro pra fora, como aquela cicatriz da cirurgia, precisamos fazer uma cirurgia espiritual, mental e trabalhar a cura. Receber um diagnóstico impreciso por mais de 1 ano foi doloroso. Passar pelas cirurgias também. Mas receber o resultado da biópsia livre de neoplasia, foi libertador!!! Deus tem mesmo um plano pra cada um de nós. E o que ele reserva a meu pai ainda não sei. "Misteriosos são os desígnios do Divino..." A mim só resta esperar, ter fé. Acreditar numa cura ainda maior interior e a obra se cumprir. Assim saberei qual a missão de meu pai aqui e que parte isso me cabe. Tenho feito tudo que posso, que sei, e o que não sei me esforço em aprender, trabalhar meu auto controle, meu senso crítico, e minha forma de encarar essa nova vida. Junto vem as minhas questões, porque coisas boas vem sempre sozinhas, mas dificuldades vem todas juntas. E é preciso ter jogo de cintura e até mesmo desapego pra nos livramos do que nos faz mal para não embolar o meio de campo. Priorizar o que é mais importante. E abdicar do que achava que era importante para dar atenção a outras coisas. Melhor parar por aqui antes que o texto fique confuso. E me perca nas minhas próprias palavras e sabote meu talento para escrita. Saúde e paz! O Resto a gente corre atrás. 

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