Desculpas atrasadas, desculpas aceitas!

          Sempre pensei que só eu tinha esse hábito de me redimir com as pessoas. Qual foi minha surpresa outro dia, ou melhor, outra noite, alguém que eu me lembrava sim, mas sem mágoa ou ressentimento. Reapareceu pra me pedir desculpas por alguma palavra maldita ou mal dita na ocasião que nos conhecemos. Reconhecer o erro é muito importante. É sinônimo de maturidade, de desapego, de honestidade. O que não podemos é toda hora errarmos e pedir desculpas o tempo todo. Acaba virando desculpa para desculpa, com trocadilho. Justificar o injustificável. Acredito sim que todo mundo tem direito a uma chance, duas, três e quantas mais couber na sua tolerância, porém um erro constante, sempre o mesmo pode nos emburrecer e permitir que desculpemos sempre aquela pessoa por ser ela tão querida por nós. Muitas vezes um mal-entendido pode ser fatal numa relação. E é preciso ser superior a certas coisas e bastante tolerante para desculpar sempre o mesmo erro ou a mesma pessoa. E também as vezes por mais que tentemos, nunca conseguiremos desculpar, perdoar, ou sobretudo, desculparemos sempre e sempre, e sempre.
          Mesmo que seja tarde é importante refletir sobre quem magoamos, o que dissemos e reaver essa relação se você acredita que vale a pena ou mesmo que não tenha mais contato. Faça isso por você e pelo outro. Mas não pense que com isso já estará com um pezinho na porta do céu. è preciso ser bom, generoso e humilde sempre, e essa é uma tarefa árdua, somos humanos, passiveis de erros. Todo tempo. Mas esse mesmo tempo. Cura tudo, ou quase tudo. O tempo é mesmo o melhor remédio.Porque alguém pode te magoar tanto e com o passar do mesmo, você abstrai, mas não esquece. Perdoa, mas não esquece. E o verdadeiro perdão está relativamente ligado ao esquecimento. E esse é bem mais complicado. Olhar pra aquela pessoa do zero, como se nada tivesse acontecido é quase impossível, mas basta querer, basta dar o primeiro passo. seja ele pedir desculpas ou desculpar alguém. Quem nunca? Não se fecha a porta na cara de alguém que veio até você. Que reconsiderou o que te causou, que percebeu a sua importância e reconheceu sua culpa, erro, seja lá o que isso for. Abra a porta. Não precisa mandar entrar, apenas ouça o que ela tem a dizer. e Fique em paz com seu coração. Afinal. é só o que queremos.A não ser que você prefira o ódio ao amor, a mágoa ao perdão, o ressentimento ao desapego...Vai de cada um. Eu, particularmente, prefiro consertar as coisas. Coisas mal resolvidas não fazem bem nem a mim nem a ninguém. É sempre bom deixar tudo às claras. Preto no branco, sabe como é? Erramos quando somos magoados, porque também queremos ferir quem feriu nosso ego. Ainda tem o tal do orgulho ferido, esse sim nos incapacita de sermos reais, nos faz fingir uma mágoa eterna. Como dizem por aí, rancor dá câncer e como esse tem sido o mal do século, eu passo...Dispenso!
        Prefiro ficar em paz com alguém em especial ou com o Mundo, mesmo que isso demore. Eu procurei me consertar com algumas pessoas, algumas foram generosas, dignas do meu pedido de desculpas, outras não souberam lidar com isso, e simplesmente me ignoraram, outras até tentaram, confesso, mas por alguma questão sua, não conseguiu. E não culpo ninguém, eu tentei. Fiz a minha parte. Mas a vida é uma estrada de mão dupla e se você começa a ter que andar na contramão por causa de alguém, tem algo errado, e nem pode ser de mão única. A troca é imprescindível. E o reconhecimento também e a recíproca, entre tantos outros substantivos. Falo de uma maneira geral, em todas as relações. Todo mundo tem direito a consertar. A gente não nasce sabendo tudo, a gente cresce errando e amadurece com os erros. Fato! Enfim...Perdoe mais! E peça perdão, reconheça. É digno, é bonito e te leva a redenção. Mas vai por ali, muda de caminho, segue por outra estrada, por outra linha, pra que não cometa os mesmos erros. Cometa erros diferentes, porque são inevitáveis. Mas sempre saiba como voltar e ajeitar as coisas. Isso ajeita a vida, e não dá pra ser torto a vida inteira. É muito tempo.