A vida nos prega peças e Deus opera milagres. Há pouco mais de 1 ano tenho avaliado, reavaliado meus conceitos sobre relacionamento, principalmente familiar. Acima de tudo com meu pai. Acometido por um diagnóstico incerto, duvidoso, cheio de interrogações. Investigações, um verdadeiro "CSI", sem direito a laser, rapidez ou precisão de do diagnóstico, mesmo após tantos exames. A "causa morte". Não a morte física, mas a morte de esperanças, de ânimo e de perseverança em meio a tantas dúvidas. Como será? Para onde eu vou? Aonde é que eu fico? Quem são os meus? Como ficarão os meus? são tantas perguntas sem respostas ainda. Mas existe uma luz no fim do túnel. E enquanto ela estiver lá, nós caminharemos ao seu encontro. Ao encontro da claridade, da clareza de esperanças. Enquanto isso meu pai sobre quem quero falar, segue internado, após 10 horas longas e intermináveis de uma cirurgia longa, de risco e delicada. Passa bem. À espera de mais resultados, positivos, é o que esperamos. O medo, a ansiedade e as dúvidas existem. Porém uma única certeza. Fé. E a certeza de como é amado e lembrado por tanta gente. A vontade de voltar pra casa, estar conosco. E nós, filhos, esposa, . Minha mãe, guerreira, companheira. Nós mais fortes do que pensávamos ser.Aguardamos seu retorno, ansiosos por um desfecho e um final feliz dessa trajetória. Para que servem as doenças do corpo e da alma? Para repensarmos nossas vidas, termos uma chance de consertar as coisas? Nossas escolhas e consequências das mesmas? Acredito que sim. A única coisa que sei é que toda vez que saio daquele hospital, mesmo o vendo em recuperação, "bem". Nos aproximamos mais e quando estou sozinha, na viagem.
Passa um filme na minha cabeça. E é bom compartilhar. Lembranças da infância. Minha primeira bicicleta aos 7 anos, da boneca embalada no natal embaixo da árvore que rasguei um pedacinho do papel de presente e senti aquele cheiro de boneca nova, de plástico...Dos filmes da Disney no Cine Odeon na Cinelândia, do beijo inocente com macarrão da "Dama e o Vagabundo", de alimentar os pombos com "milho" quando nem tínhamos conhecimento que pombos traziam tanta doença. Do tombo de bicicleta que quebrei o dente da frente. Que meu pai, se culpa até hoje, que bobagem! Coisa de criança. Quando não dimensionamos limites nem perigos. Se tivéssemos essa idéia quando crescemos, não passaríamos por tanta dificuldade, não faríamos dívida por exemplo. Não tentaríamos colocar a mão aonde não alcançamos. Não posso nunca dizer que se não aprendi isso que tenha sido culpa do meu pai. Ele me ensinou muito bem. eu que fui desobediente e insensata . Lembro ainda do sapatinho da cinderela, da minha festa de princesa Cinderela aos meus 6 anos de idade. Primeira linda e grande festa da minha vida. Hoje virei festeira de plantão.Até chegar na adolescência, dos incentivos que ele me deu pra cada curso que eu escolhia e cada vez que eu desisitia sempre tive apoio. Estou sentindo falta do meu pai ranzinza, reclamão, em contrapartida, nos salvando literalmente dos apertos da vida, nos amando e nos aceitando acima de tudo. Do jeito dele mas sei que é amor. Saudade dos churrascos perfeitos preparados com carinho minuciosamente, em cada detalhe.Das caipirinhas, da cerveja gelada. Cheio das técnicas incluindo copo gelando no freezer, embaçado, perfeito!!! Um copo assim para um bom bebedor basta. Dos documentários antigos que ele assiste na tv ainda em preto e branco, sem qualidade áudio e vídeo, em que quase não se vê ou se ouve. Canal Brasil, Discovery, etc.Da rádio que ouvia desde criança Antena 1 light FM, música civilizada e informação relevante. CBN e de uns anos pra cá, Band News, que originou até um apelido aqui em casa pro meu pai, de que em 20 minutos tudo pode mudar. Brincadeiras à parte. Meu pai é um homem antenado, conectado mesmo não sendo muito dado à toda essa inovação e tecnologia. Dos ovos fritos e o pão quente tradicionalmente na frigideira. Nada de sanduicheira elétrica. Do sacolão feito, e das hortaliças lavadas e cortadas separadas nos potinhos facilitando assim a vida doméstica. Dos bifes de contra filé cortados um a um. Finos e prontos para serem preparados. Sem óleo. Das idas e vindas de carro, das caronas, de me levar e me trazer quando peço sempre que necessário.Às vezes reclamando mas sempre dando um jeitinho. Meu pai não é um santo, mas é um bom homem. Um bom pai, um bom marido, leal, generoso, solícito e às vezes até ingênuo e não guarda rancor de ninguém. Isso é ótimo. Assim ele não fica amargo com o fel que avida nos oferece tampouco perder a ternura da criança que todos temos em nós. E meu pai é um meninão!!! Como diz minha amiga de infância e melhor amiga, como ela o chama. "Menino Alexandre". Afinal isso é o que nos mantém vivos, porque já dizia o poeta: "Eu fico com a pureza das respostas das crianças...É a vida, é bonita e é bonita..."Melhor a dor de não ter vencido do que a vergonha de não ter lutado. A primeira etapa. A cirurgia, ele foi guerreiro! E passou. Temos boas perspectivas, fé e certeza que tudo dará certo.E se por acaso não der? Aí começamos tudo de novo. Resiliência e Reinvenção, são as palavras de ordem.
Lindo relato, não sabia que relatava tão bem, serás uma boa cronista maravilhosa, pense nessa possibilidade, serei uma fã nº1.
ResponderExcluirObrigada! Estamos trabalhando para melhor atendê-los, rs...Vou me esforçar para escrever toda vez um pouco melhor.
ExcluirNã há explicação para as coisas de Deus prima, somente para as coisas dos homens. Força sempre a toda sua família. Bjs. Douglas
ResponderExcluirQue lindo...
ResponderExcluirÉ mais q um depoimento... É AMOR EM ORAÇÃO.
Deus está te ouvindo e não irá te desamparar.
Seu pai é guerreiro.
Mantenha tooodo esse amor explícito, pois o amor é capaz de curar até o impossível.
Bjs no ♡ de toda a família e principalmente no seu, minha amiga.
Quero ver outro depoimento relatando a recuperação total de seu pai ;)
Obrigada Thaís. Feliz por sua sensibilidade e análise crítica.vou mantendo as informações atualizadas. Bjs
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